Entrevista #3 – Kim Kataguiri

 

 

Conhecido por ser cofundador e coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), o deputado federal Kim Kataguiri já foi apontado como um dos 30 jovens mais influentes do mundo, pela revista Time[1]. Em nossa entrevista, ele destacou a necessidade de aprovação da Reforma Previdenciária para corrigir algumas distorções.

 

Bom, acompanho o trabalho do Kim há um bom tempo e após convidá-lo para esta entrevista – que está mais para um bate-papo -, o famoso “japonês do MBL” aceitou responder algumas perguntas. A entrevista ocorreu de forma oral, portanto as respostas do deputado foram transcritas. Conversarmos inicialmente sobre a Reforma da Previdência e finalizamos de uma forma bem descontraída.

Confira a entrevista na íntegra:

 

1 – Qual a importância da Reforma da Previdência?

Kim Kataguiri — Acho que antes de qualquer coisa, a reforma previdenciária é fundamental para sanear as contas públicas. Para a gente ter equilíbrio fiscal. E, pelo menos diminuir (e não acabar), que isso a gente não consegue de uma vez só, a desigualdade desinstitucionalizada que o nosso sistema gera hoje, transferindo renda do mais pobre para o mais rico, principalmente pelo desfuncionalismo público, impondo uma idade mínima também para os mais ricos, pois, hoje na prática a idade mínima só existe para o pobre. O mais pobre já se aposenta com 65 anos, agora, o mais rico se aposenta, em média, 10 anos mais cedo e recebe essa sua aposentadoria do rendimento do trabalhador mais pobre. A fim de corrigir essas distorções, para garantir que a gente tenha, consiga pagar a nossa dívida. E, [para que a gente] consiga voltar a ter crescimento, dinheiro para investimento e geração de emprego, principalmente através da infraestrutura, precisamos fazer a Reforma Previdenciária.

 

2- Como foi a aprovação da Reforma da Previdência em primeiro turno? Era algo que você esperava?

Kim Kataguiri — Olha, na véspera eu esperava sim, que fosse aprovada. Acho que a Reforma passou por altos e baixos. E, teve um governo, um presidente, cometendo vários erros de fala, de articulação, falando que não gostaria de fazer a reforma, depois pedindo voto para desfigurar a reforma do ministro Paulo Guedes e querendo aquele destaque dos policiais. Mas, ainda assim, acho que o saldo é positivo, acho que boa parte do texto, a parte fundamental do texto do governo foi preservada e uma maioria bastante significativa [do texto] foi atingida.

 

3 – Sobre o regime de capitalização, que, inclusive, constava no texto original do governo, mas foi retirada pela Câmara. Você acredita que, em momento oportuno, após a reforma, haveria necessidade de um novo projeto sobre a capitalização?

Kim Kataguiri — Já existe acordo para que a gente discuta a capitalização num segundo semestre. Ela não foi retirada porque os deputados discordam. Mas porque, acredito, que não teve debate suficiente. Porém, acho que vamos ter esse debate no segundo semestre.

 

4 – A previsão de economia com a reforma da Previdência girava em torno 1,2 trilhão em dez anos, atualmente este número caiu para 933 bilhões. De que forma você enxerga essas mudanças e como encontrar o equilíbrio?

Kim Kataguiri — Eu acho que dentro das mudanças que foram colocadas, quando você soma a Medida Provisória antifraude, que trata principalmente da aposentadoria rural, a perspectiva de economia do governo é de 1,1 trilhão de reais. Nisso, acredito que seja um número necessário e esperado pelo ministro Paulo Guedes. Ele já sabia que o texto não sairia exatamente da maneira como ele enviou, e já é mais que o suficiente [a economia de 1,1 trilhão] para a gente ter uma retomada do crescimento.

 

5 – Como tem sido a sua rotina em Brasília? Foi fácil a adaptação?

Kim Kataguiri — Olha, na cidade foi fácil a adaptação, tem a parte positiva de não ter o trânsito de São Paulo. É uma cidade agradável. Mas o grande problema é o clima maçante do Congresso, é cansativo, existe muito trabalho, muita coisa para fazer e o resultado, às vezes, é meio frustrante. Pois você depende muito do trabalho de outros parlamentares e mesmo o próprio processo legislativo, em si, é muito burocrático. Mas, eu acho, que já comecei a me acostumar e me adaptar ao trabalho legislativo como ele é.

 

6 – Agora, a fim de conhecer um pouco mais sobre o Kim Kataguiri, faremos uma espécie de bate e volta, com perguntas breves:

 

a) Um herói?

Kim Kataguiri — Goku (risos).

 

b) Uma frase?

Kim Kataguiri — Tem várias frases boas… acho que no momento em que a gente vive, em uma crise do sistema democrático, vale a frase do Churchill, que, “democracia é o pior sistema de todos, com exceção de todos os outros”.

 

c) Um objetivo?

Kim Kataguiri — Ser professor de Direito Constitucional.

 

d) Uma lembrança?

Kim Kataguiri — Eu comprando pastel na feira quando era criança.

 

e) Um anime? (risos)

Kim Kataguiri — Code Geass.

 


[1] https://exame.abril.com.br/brasil/kim-kataguiri-e-um-dos-30-mais-influentes-para-revista-time/

 


Kim Patroca Kataguiri (Salto, 28 de janeiro de 1996) é um político, ativista, conferencista e ex-colunista da Folha de S. Paulo (e do The Huffington Post Brasil). É mais conhecido por ser cofundador e coordenador do Movimento Brasil Livre, sendo uma das principais figuras do movimento liberal brasileiro moderno. Nas eleições de 2018, foi eleito deputado federal por São Paulo pelo DEM. Foi o quarto candidato mais votado.