Entrevista #9 – Bernardo de Azevedo e Souza
A pandemia do novo coronavirus provocou mudanças bruscas em nosso cotidiano, seja na forma como interagimos com as pessoas ou até mesmo trabalhamos. No campo da advocacia não é diferente, alguns advogados têm enfrentado algumas dificuldades nessa adaptação, seja na captação de clientes, utilização de ferramentas etc.
Para explicar um pouco mais sobre o atual cenário convidamos o professor, advogado e pesquisador, Bernardo de Azevedo e Souza, que, inclusive, deu algumas dicas para os profissionais jurídicos.
Confira a entrevista na íntegra:
1 – Como o sr. enxerga a advocacia neste momento de pandemia?
Bernardo de Azevedo e Souza – A pandemia do coronavírus, sem dúvida, está colocando a advocacia à prova. Tenho conversado com muitos advogados e advogadas desde que o regime de isolamento social começou, para entender como estão enfrentando o cenário. Mesmo após 30 dias de quarentena, muitos seguem desnorteados, sem saber como manusear ferramentas tecnológicas ou mesmo trabalhar em home office. A crise está exigindo adaptação desses profissionais, sob pena de ter dificuldades no mercado jurídico pós-pandemia. Enquanto muitos vão aproveitar o momento de crise para se reinventar, outros devem mudar de profissão ou de área de atuação. Cabe a cada profissional tomar decisões estratégias para se manter no mercado durante esse momento de pandemia.
2 – O sr. tem ajudado alguns advogados nesse processo de adaptação. Quais são as principais dificuldades que o sr. tem observado entre os advogados?
Bernardo de Azevedo e Souza – As principais dificuldades estão relacionadas ao manuseio das ferramentas tecnológicas e à aquisição de novos clientes em meio à crise. Sobre o primeiro item, muitos profissionais se limitavam a utilizar o Microsoft Word e a fazer o login nos sistemas de processo eletrônico. O que muda agora, com o isolamento social, é que os advogados precisam também manusear sistemas de videochamadas, chamadas de voz e tantos outros para se manterem ativos. A outra dificuldade está conectada à aquisição de novos clientes. Profissionais que costumavam se colocar à disposição de forma presencial, indo ao encontro dos clientes, não podem mais fazer isso. Da mesma forma, escritórios físicos que recebiam novos clientes por conta de sua estrutura e pelo simples fato de estarem com suas portas abertas, também não podem mais fazer isso. A lógica é outra agora e envolve, em boa medida, estar ativo nas redes sociais, adotando ferramentas de marketing digital e marketing de conteúdo para atrair novos leads.
3 – Para os que estão um pouco mais desnorteados, quais são as suas dicas?
Bernardo de Azevedo e Souza – Acredito que os profissionais desnorteados devem enxergar a tecnologia como oportunidade, e não como ameaça. Ou seja, quem resistiu aos avanços tecnológicos até agora, deve mudar a forma de pensar e atuar. Aproveitar todo o seu potencial da tecnologia para aprimorar suas atividades profissionais é essencial neste momento. Hoje existem no mercado brasileiro diversas soluções tecnológicas oferecidas por lawtechs e legaltechs, que permitem ao profissional ser mais produtivo e mais eficiente durante a crise, e mesmo depois dela. Tudo está ao alcance de um clique.
4 – Existem algumas ferramentas que podem ajudar? Quais são elas?
Bernardo de Azevedo e Souza – Existem diversas categorias de produtos e serviços oferecidos pelas startups jurídicas. O radar dinâmico da AB2L oferece um vislumbre das soluções tecnológicas oferecidas, como analytics, jurimetria, softwares de gestão de escritórios, aplicativos de automação de documentos, e muito mais. Cabe ao profissional testar as ferramentas e verificar quais delas o tornam mais produtivo e quais fazem sentido dentro da rotina do escritório.
5 – O sr. tem acompanhado de perto as inovações dentro do âmbito jurídico. Quais são as suas perspectivas após o encerramento dessa pandemia? Seria possível prever alguma mudança nesse meio?
Bernardo de Azevedo e Souza – Ninguém pode prever o futuro, nem mesmo os maiores futuristas. Mas, da forma como o quadro está sendo emoldurado, o mundo do Direito jamais será o mesmo. Os tribunais, que por muitos anos estiveram presos num ciclo que impedia a mudança, estão adotando novas tecnologias para manterem a atividade jurisdicional. Nesse exato momento, plataformas de audiências e sessões de julgamento online estão sendo criadas ao redor do mundo e provavelmente seguirão ativas mesmo quando a pandemia cessar. Da mesma forma, advogados estão tendo de aprender a manusear as ferramentas tecnológicas em meio à crise. Todo o aprendizado não será em vão: muitos profissionais levarão tudo o que aprenderam para criar novos serviços e se destacar ainda mais no mercado jurídico do futuro. Não podemos supor, portanto, que o mundo do Direito será como antes
6 – Por fim, aproveitando o ensejo, o sr. teria alguma indicação (livros, artigos, canais, podcasts ou cursos) para aqueles que querem se aprofundas e compreender um pouco mais sobre as novas tendências do mercado jurídico?
Bernardo de Azevedo e Souza – Escrevo diariamente sobre Direito, inovação e tecnologia no site bernardodeazevedo.com. Os conteúdos do portal são atualizados diariamente, sendo destinados a estudantes e profissionais da advocacia que buscam se preparar para o mercado jurídico do futuro. Além disso, compartilho semanalmente insights e comentários em áudio no Telegram (t.me/bernardodeazevedo).
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Bernado de Azevedo Souza – Advogado. Professor de Direito. Empreendedor. Pesquisador de novas tecnologias. Mestre em Ciências Criminais. Especialista em Ciências Penais. Diretor do Canal Ciências Criminais. Pós-graduando em Direito Digital.